Formação: PIO prepara professores em artes

27 de maio de 2018

O Pioneiro recebeu na semana passada a pedagoga Leila Monteiro, especialista em arte-educação para uma oficina de formação de professores do Ensino Infantil e fundamental I. Leila aprofundou o processo de criação e sugeriu intervenções no processo artístico com os alunos. É a segunda vez que Leila visita a escola. Da primeira vez, compartilhou estratégias sobre como se apropriar de obras de grandes artistas na dinâmica de sala de aula. Agora, abordou os mecanismos para desenvolver as técnicas de desenho. Mas, afinal, qual o papel do desenho? Por que devemos encará-lo como parte essencial do processo de aprendizagem? Leila respondeu a essas e outras perguntas na entrevista a seguir:

– Qual a importância de saber desenhar?

A arte nos permite desenvolver atitudes fundamentais para a vida, como o senso crítico e a criatividade. O desenho é um meio de compreender o mundo e a si mesmo. É por meio das artes visuais que damos vazão aos nossos questionamentos, sentimentos e angústias. O desenho permite colocar pra fora aquilo que as palavras não expressam. Para uma criança, o desenho é uma linguagem muito forte, uma demonstração do conhecimento que tem do mundo. Jovens e adultos também podem se valer do desenho para expressar seus sentimentos. Há muitos benefícios que podemos colher a partir desta prática.

– É verdade que os desenhos nos ajudam a resolver problemas?

Sem dúvidas. Imagine que eu conte uma história e peça para que você represente os personagens, o cenário e os acontecimentos por meio de um desenho. Tudo isso vai exigir uma elaboração sofisticada de você, algo similar à resolução de um problema. Ter de fazer um castelo no alto de uma montanha no contexto de uma história não é uma tarefa simples. No Pioneiro, conversamos bastante sobre a importância de estimular a expressão da arte por meio de temáticas desafiadoras, que estimulem o aluno a refletir sobre a narrativa.

– Como foi a oficina com os professores do PIO?

Foi muito interessante, especialmente porque eles foram convidados a experimentar aquilo que irão, em algum momento, repetir com seus alunos. Aos poucos, foram se soltando e trabalhamos juntos em torno de propostas e estratégias que devem ajudá-los a desenvolver a sensibilidade nas artes visuais. O resultado disso é que eles vão tornar as experiências dos alunos ainda mais ricas, dando um apoio essencial à construção do conhecimento e do aprendizado.

– O que podemos perceber por meio dos traços de um desenho?

A escolha das formas, das cores, da liberdade – ou da falta dela – já nos dá pistas do modo como a criança ou o jovem interpreta o mundo e avalia os círculos sociais em que está inserido. Desde os primeiros rabiscos até o desenho figurativo com formas concretas há muito significado. Basta pedir a uma criança que ainda não sabe ler que explique o que desenhou e uma narrativa clara vem à reboque. Interpretar o que está sendo dito ali é um dos papéis do professor que trabalha com as artes. Compreender o estágio do desenho é também uma forma poderosa de intervir na dinâmica do grupo e nas experiências daquela criança.

– Você acha que muitas escolas ainda desvalorizam a arte e a consideram uma disciplina menos importante que outras? Se sim, o que fazer para mudar?

Sim, muitas escolas desmerecem as propostas de artes visuais por não entender a importância na formação integral de seus estudantes. Também existe uma grande dificuldade dos professores em entender as modalidades e as estratégias de trabalho, por isso evitam planejar atividades nesta área. A formação de professores e reformulação curricular são ações que podem ajudar as escolas na compreensão das particularidades do trabalho com as artes.

Como convencer uma criança que não gosta de desenhar a experimentar?

Em 27 anos de trabalho com educação nunca encontrei uma criança que diz não gostar de desenhar. O desenho é um brinquedo para ela. Se isso acontecer um dia, eu pego uma folha, sento ao lado seja e a convido a desenhar junto comigo.

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