Aquele Feriado…

23 de agosto de 2017

Victor Wollenweber Martins – 9º ano A

A casa estava mais agitada e conturbada que nas vésperas de Natal, os preparativos para o tão esperado “feriado perfeito” estavam em andamento. A pequena Sally, muito arteira, teve de tomar pílulas calmantes para ficar tranquila, Scott também precisava se acalmar, mas ele não permitiu que ninguém o relaxasse, a casa não tinha espaço suficiente para conter sua energia e euforia. Só a praia, com sua beleza e amplitude, teria o poder de consumir sua agitação. Daniel, muito ansioso, andava de um lado para outro olhando o relógio, os minutos não passavam, em sua mente o ponteiro parava de tanta vontade que tinha de estar lá. Sua irmã Larissa parecia estar muito feliz fazendo sua mala de brinquedos; ela colocou tantos que a maleta não fechava. Então, começou a fazer chilique, seu pai ficou tão nervoso que jogou a mochila na parede e lhe deu um tabefe; chorando, Larissa saiu do quarto e pegou uma goma de mascar, era sua guloseima preferida. Vovó Lilian, rabugenta e cética como sempre, disse que não iria à viagem porque seria grande demais para suas dores de joelho e costas e que uma vez sentada por sete longas horas não conseguiria mais mover seu quadril e sua circulação sanguínea também seria afetada. A família, com um pouco de calma, conseguiu convencê-la e ela começou a fazer as malas, eram mais de cinco, mas no meio da bagunça das bagagens, ela perdeu sua dentadura e reclamou até não aguentar mais. Mãe Wilma não suportava mais a gritaria daqueles pestinhas, necessitava de férias e precisava relaxar. O pai Jones ríspido, grosso e estúpido mantinha uma raiva torrencial estampada em seu rosto, o cigarro era seu único escape.

Aliás, sou Rex, eu trago alegria para os humanos (na verdade para a maioria, a vovó não fica feliz desde que o segundo marido morreu), um animal de estimação tem o dever de ser animado, leal, ativo, brincalhão, manso e tem que, acima de tudo, procurar o bem estar da família, eu cumpro todos esses aspectos e naquele momento estava muito feliz e ansioso para visitar finalmente o mar.

Todos colocaram suas malas na Kombi, entramos no carro e partimos para a estrada. O clima da família começou a piorar com coisas irritantes, tais como o cheiro forte de tabaco do pai, o alvoroço de Scott, o ranger das molas velhas dos bancos do carro, os comentários desnecessários da avó e algumas reclamações sobre minhas pulgas e minha sujeira.

A estrada estava muito cheia, então Jones pegou um caminho alternativo esburacado e com muitas pedras, mas aquilo era melhor que o trânsito. Infelizmente tivemos que dar meia volta por causa de algumas obras do governo e voltamos até a estrada principal, o carro parecia um forno de tão quente. Naquela época ainda não existia ar condicionado.

Por um milagre, achei a dentadura de Lilian e ela parou momentaneamente de reclamar disso, pois percebeu que a dentadura estava cheia de pelos. Ela nem me agradeceu.

A estrada era como um extenso tapete sem começo, sem fim e sem nada ao redor que não fosse deserto e plantas rasteiras, mas após dez horas avistamos um posto de gasolina abandonado, uma lojinha de conveniência e um motel. Sem escolha, passamos uma estadia precária e péssima. Estávamos em quartos diferentes, ambos mofados, abafados e sem alimento.

Voltamos para a estrada e percorremos mais dez horas, pois nos perdemos algumas vezes e o carro quebrou, esperamos o guincho e andamos a pé até uma oficina mecânica para consertarem a Kombi, além de que o serviço era muito caro. Chegando à praia, houve uma reviravolta climática e iniciou-se uma tempestade de granizo. Assim, tivemos que voltar para casa e nossa rotina estressante, nervosos, cansados, frustrados e tristes.

E foi dessa forma que o “feriado perfeito” se tornou o pior feriado de nossas vidas.

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Descrição da atividade

Nessa proposta da Oficina Literária, os alunos deveriam criar uma narrativa a partir de uma ilustração de Norman Rockwell.

Norman Rockwell

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